Capítulo 6 : A Scream.
Ouço um barulho de gota d’água caindo distante. Algo está
pingando. Abro os olhos e me vejo em um lugar que não me lembrava de estar.
Tudo está coberta
com uma névoa densa e eu não consigo ver nada além dela. Continuo a escutar
algo pingando, mas não consigo ver de onde vem. Dou um passo à frente e vejo que o chão está
coberto de água. A Água chega aos meus calcanhares.
O ritmo das gotas caindo de algum lugar começa a acelerar
como se estivesse com medo de algo ou estivesse avisando algo.
“ajuda” ouço um sussurro de longe. “por favor” a pessoa
sussurra novamente. Olho freneticamente para os lados, mas tudo que eu consigo
ver é apenas a névoa branca. Olho para o chão e vejo a água cristalina molhando
meus pés.
As gotas estão em um ritmo muito acelerado e a névoa
parece está sumindo. Mas na verdade está apenas mudando de cor. O meu coração
acelera de acordo com o ritmo das gotas caindo e a névoa muda de cor para
vermelho sangue. Os sussurros agora viraram um grito desesperado por ajuda e a água
em meus pés virou sangue. Tudo começa a girar e eu sinto que a névoa está indo
me atacar.
Acordo suando frio ao lado de Cameron dentro da barraca.
Continuo com uma respiração ofegante e tiro uma camada de suor na minha testa
com as mãos. Saio da barraca e vejo que ainda é noite. Eu não me lembro de ter
dormido. Tudo que eu posso ouvir são os grilos, porém o som é abafado pelo
vendo forte.
A Fogueira que Cameron fez agora estava apagada e eu
estava com bastante frio. Me arrependo de não ter trazido um casaco.
Cameron continua dormindo e eu penso não acordá-lo.
Por um momento acho que ouvi uma risada de longe, mas foi
só minha imaginação. As árvores começam a fazer barulho por causa do vento e eu
me deito novamente.
Por algum motivo fiquei apavorada como nunca ficara
antes. Não chegava exatamente ser um pesadelo, só um sonho ruim. Mas aquilo me
deixou assustada pra valer.
Percebi que minha respiração continuava descoordenada.
Pensei em um momento em acordar Cameron, mas ele parecia está em um sono
profundo então desisti. A risada. Eu a ouvi novamente e agora parecia um pouco
mais alta. Saio da barraca para ouvir melhor e então eu escuto. Continua baixa,
mas ainda dava para escutar. A risada é uma risada feminina e parecia uma
risada prazerosa. Então eu consigo ouvir a mesma pessoa que riu falar. Não como
se eu entendesse, mas deu para ouvir. A Voz era de uma mulher, não, de uma
garota. Ela falava com alguém, mas eu não conseguia entender sequer uma palavra.
Comecei a seguir as vozes.
Por um momento achei que ouvi a voz de um homem também,
mas não tinha certeza. Continuei prosseguindo pela floresta e percebi que as
risadas e as falas ficaram mais altas. Eu ainda não conseguia entender o que
diziam, mas estava ficando com toda certeza mais alta. A Voz do homem, ou
melhor, garoto, começou a ficar mais alta também e por um minuto, eu consegui
ouvir o que diziam. Eu realmente não conseguia vê-los, mas consegui entender o
que diziam. “Para” disse a menina. Não
como se ela estivesse realmente sendo ameaçada, era como se pedisse para parar
de brincar, mas realmente não quisesse que parasse. “Você me deve” disse a voz do garoto que
também estava rindo junto com a garota. Consegui distinguir de onde vinham as
vozes e quando me aproximei, consegui vê um menino e uma menina deitados em uma
manta que cobria o chão da floresta de longe. Eles apenas eram dois borrões
pretos pra mim, mas eu conseguia ouvi-los.
“Mike, não foi justo” disse a garota fazendo voz de bebê.
Minha garganta deu um nó assim que percebi que era o Mike, dos “Desafios do
Mike”. Por um segundo eu não acreditei, mas depois entendi que fazia sentido.
Mike teria ganhado o seu desafio.
Logo entre os borrões, acho que vi a menina tirando a
blusa e como eu não queria atrapalhar, dei meia volta e fui em direção do
acampamento.
Mas logo fui obrigada a parar, por que ouvi um grito terrível
de dor de gelar os ossos e o grito era de uma garota.
Sai correndo entre as árvores para voltar no lugar onde
eu vira a garota e o Mike, mas quando voltei, não tinha ninguém.
Teria imaginado as coisas? Não, não imaginem. Estava lá e
eu sei que estava.
Comecei a sentir um frio na barriga de medo. E se Mike
soubesse que eu estava o observando. Solto um berro quando sinto uma mão gelada
tocar meu ombro atrás de mim.
Cameron tampou minha boca e fez “Shh”.
– Quer me matar do coração? – disse ele zangado.
– Do que é que você está falando, eu quase morri de
susto! – elevei um pouco a voz.
Cameron fez novamente o “Shh”.
– Dá para falar mais baixo? Acho que não estamos sozinhos
aqui. – disse ele sussurrando e olhando para os lados.
– E não estamos – digo sussurrando.
– Viu alguém?
– Sim. Mike e uma garota, eles estavam ali – digo apontado
para o local que antes eles estavam –, Eu sai, daí eu ouvi um grito e quando fui
ver, eles tinham sumido.
– É, é. Eu ouvi os gritos também. Achei que fosse você,
mas agora que te vi aqui, sei que não é.
–O que acha que o Mike estava fazendo com a garota aqui?
Era um desafio? E por que a menina gritou?
- Eu não sei. E acho melhor nem se preocupamos com isso.
Temos outros problemas para resolver. –
disse ele. Eu assenti. – E dá próxima vez, me acorda e não saia andando pela
floresta sozinha.
– Tá legal. Me desculpa.
– Ótimo. Agora vamos voltar para o acampamento.
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