Capítulo 19: I’m still here.
Abro a porta de casa e jogo a minha bolsa – que encontrei
paradinha no chão da estrada – no sofá. Dou um suspiro de alívio, tudo acabou.
Vou á cozinha para preparar algo para comer, estou
morrendo de fome, não como nada desde o hospital. Pego uma panela em um dos
armários e quando me viro para o fogão, vi uma mensagem escrita com sangue na
parede “Eu continuo aqui”. Não acabou.
Com o susto, acabo deixando a panela cair, mas logo me
recomponho e pego a panela do chão.
– Ah, oi, você está ai – disse meu pai abrindo a porta da
sala.
Ele vem até a
mim em direção a cozinha. Ele perde a atenção em mim quando olhou para a
mensagem “Eu continuo aqui” na parede com sangue e me olha assustado.
– Você que fez isso? – ele me pergunta. Então eu tive uma
séria vontade de bater nele com a panela. Por que diabos eu iria escrever com
sangue uma coisa dessas? Ele acha que eu sou louca?
– Não, pai. Não fui eu. – e engulo umas poucas e boas que
queria falar pra ele.
– Então... Quem escreveu?
– Eu não sei.
Meu pai olhou
para a parede novamente, balançou a cabeça e se virou para mim:
– Limpe isso.
Ele realmente
não se importava se havia algo ou não, então apenas concordo com a cabeça e
saio antes de falar coisas que faria ele me expulsar de casa.
Depois de ter limpado a parede inteira, fiz o meu jantar
e comi. Fiquei deitada em minha cama me perguntando por que Emma não foi para a
luz, como deveria. “Eu continuo Aqui” a imagem ficava se repetindo em
minha cabeça. Respiro um longo ar e o
solto com um suspiro infeliz.
– Você queria ajuda, não é? Eu te ajudei, por que você
apenas não vai?
Não tive nenhuma
resposta. Levanto-me da minha cama e vou à direção ao banheiro, onde eu vi Emma
pela primeira vez.
Fiquei encarando o lugar que tinha visto Emma para ver se
a via novamente, sem sorte.
Escuto o meu celular tocar em meu quarto e corro para lá.
– Alô? – digo atendendo o celular.
– Ei, Anne, aqui é Billy, você sabe, o policial que falou
com você sobre o desejo de Elisa e tudo mais.
– Ah, sim, eu me lembro. Alguma notícia?
– Bom, eu só vim avisar que Cameron, já esta na
reabilitação.
– Já?
– Bem, sim. Se quiser visitá-lo, ele está em uma
reabilitação fora da cidade. Seu pai sabe o caminho.
– Por que ele saberia o caminho de uma reabilitação?
– Bom, ele visita uma paciente lá ás vezes. Suzie, acho.
Suzie? Quem era Suzie? E por que ele a
visitava?
– Tá legal. Irei visitar Cameron amanhã.
– Ah, você quer uma carona para lá? Vou visitar ele
amanhã, preciso fazer umas perguntas.
– Oh, claro. Então te encontro cedo aqui.
– Ok. Tchau – em seguida ele desliga o telefone.
Pobre Cameron...
Deve está muito confuso. Não deve nem saber em quem confiar.
Deito-me a cama e logo durmo. Mas mesmo assim, não
consegui tirar Emma da cabeça.
O policial Billy me pegou logo cedo e partimos para a
reabilitação.
O lugar era totalmente branco, parecia um hospital. Eu vi
alguns pacientes em uma sala, brincando com algo acho. Parecia um hospício em
vez de uma reabilitação. A Enfermeira, que se chamava Linda – era o que estava
escrito em seu crachá – nos guiou até a sala de Cameron. Ela era uma loira
alta, magra, seu cabelo estava amarrado em um coque firme, ela era pálida e
tinha os olhos verdes brilhantes. Ela parecia ser severa, não demonstrava
nenhum sorriso e tinha um sotaque francês engraçado.
– Por ali – disse ela apontando para uma porta branca e
pronunciando o “r” de “por” com seu sotaque engraçado.
Eu e o Policial
Billy nos entreolhamos e vamos em direção a porta.
Lá estava Cameron, conversando com uma enfermeira
enquanto ele estava sentado em sua cama.
– Olha só Cameron, você tem visitas – disse a Enfermeira
morena.
Cameron não
disse nada, só ficou me encarando.
– Acho melhor você falar com ele, eu espero a minha vez. –
disse Billy ao meu lado.
Eu concordo a cabeça e ele sai do quarto.
– Vou deixar vocês a sós. – disse a Enfermeira também
saindo.
Então o quarto
fica em silêncio. Cameron continuava me encarando. O Silêncio não era aquele
silêncio de paz, mas sim aquele do tipo constrangedor e o qual te irritava.
– Então? – disse Cameron quebrando o silêncio.
– Queria saber como você tá. – digo.
– Não muito bem. – diz ele – Mas irei melhorar.
Cameron parecia
bastante normal. Como sempre. Eu achei que viria ele realmente louco, mas não
foi bem assim.
– Estão te tratando bem? – pergunto.
– Bem, sim. Apesar de eles me tratarem como um louco, eu
estou bem.
– Então você está completamente curado? – pergunto.
– Não. Quero dizer, só estou confuso, mas não louco. Não
irei demorar muito aqui. Talvez uns 3 meses.
Uma coisa ficou
martelando em minha cabeça... Continuávamos um casal? Quero dizer, depois que eu
matei o pai dele e tudo mais... Eu nem sei se tivemos um relacionamento de
verdade. Era para eu estar odiando Cameron, mas que qualquer coisa, mas por um
motivo, eu não estava odiando ele.
– E sua mãe? – pergunto.
– Voltou à cidade uns dias atrás. Ela soube de tudo.
Ficou chocada, mas já passou. – A
Expressão dele mudou para confuso. – E Elisa?
- Uh, bem... Depois de ela ter corrido com uma faca atrás
de mim, depois de eu me esconder em um cemitério e depois de ela ter caído em
uma cova, ela foi ao hospital e está lá. Depois ela vai para a prisão, acho.
Cameron olhou
para baixo.
– Ela era louca... Quero dizer, ela É louca. – ele se
corrigiu.
Concordei com a
cabeça. Queria tanto fazer aquela pergunta, mas não podia. Estava com vergonha.
Então decidi não perguntar. Quem sabe daqui três meses as coisas ficavam mais
claras.
Uma enfermeira abriu a porta e mediu para me retirar,
falando que meu horário de visita acabou e estava na vez do Policial Billy.
– Então tchau. – digo a Cameron indo em direção a porta.
– Tchau – diz ele atrás de mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário