sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Capítulo 19 {I'm Still Here}


Capítulo 19: I’m still here.

Abro a porta de casa e jogo a minha bolsa – que encontrei paradinha no chão da estrada –  no sofá.  Dou um suspiro de alívio, tudo acabou.
Vou á cozinha para preparar algo para comer, estou morrendo de fome, não como nada desde o hospital. Pego uma panela em um dos armários e quando me viro para o fogão, vi uma mensagem escrita com sangue na parede “Eu continuo aqui”. Não acabou.
Com o susto, acabo deixando a panela cair, mas logo me recomponho e pego a panela do chão.
– Ah, oi, você está ai – disse meu pai abrindo a porta da sala.
   Ele vem até a mim em direção a cozinha. Ele perde a atenção em mim quando olhou para a mensagem “Eu continuo aqui” na parede com sangue e me olha assustado.
– Você que fez isso? – ele me pergunta. Então eu tive uma séria vontade de bater nele com a panela. Por que diabos eu iria escrever com sangue uma coisa dessas? Ele acha que eu sou louca?
– Não, pai. Não fui eu. – e engulo umas poucas e boas que queria falar pra ele.
– Então... Quem escreveu?
– Eu não sei.
   Meu pai olhou para a parede novamente, balançou a cabeça e se virou para mim:
– Limpe isso.
   Ele realmente não se importava se havia algo ou não, então apenas concordo com a cabeça e saio antes de falar coisas que faria ele me expulsar de casa.

Depois de ter limpado a parede inteira, fiz o meu jantar e comi. Fiquei deitada em minha cama me perguntando por que Emma não foi para a luz, como deveria. “Eu continuo Aqui” a imagem ficava se repetindo em minha  cabeça. Respiro um longo ar e o solto com um suspiro infeliz.
– Você queria ajuda, não é? Eu te ajudei, por que você apenas não vai?
   Não tive nenhuma resposta. Levanto-me da minha cama e vou à direção ao banheiro, onde eu vi Emma pela primeira vez.
Fiquei encarando o lugar que tinha visto Emma para ver se a via novamente, sem sorte.
Escuto o meu celular tocar em meu quarto e corro para lá.
– Alô? – digo atendendo o celular.
– Ei, Anne, aqui é Billy, você sabe, o policial que falou com você sobre o desejo de Elisa e tudo mais.
– Ah, sim, eu me lembro. Alguma notícia?
– Bom, eu só vim avisar que Cameron, já esta na reabilitação.
– Já?
– Bem, sim. Se quiser visitá-lo, ele está em uma reabilitação fora da cidade. Seu pai sabe o caminho.
– Por que ele saberia o caminho de uma reabilitação?
– Bom, ele visita uma paciente lá ás vezes. Suzie, acho.
    Suzie? Quem era Suzie? E por que ele a visitava?
– Tá legal. Irei visitar Cameron amanhã.
– Ah, você quer uma carona para lá? Vou visitar ele amanhã, preciso fazer umas perguntas.
– Oh, claro. Então te encontro cedo aqui.
– Ok. Tchau – em seguida ele desliga o telefone.
   Pobre Cameron... Deve está muito confuso. Não deve nem saber em quem confiar.
Deito-me a cama e logo durmo. Mas mesmo assim, não consegui tirar Emma da cabeça.

O policial Billy me pegou logo cedo e partimos para a reabilitação.
O lugar era totalmente branco, parecia um hospital. Eu vi alguns pacientes em uma sala, brincando com algo acho. Parecia um hospício em vez de uma reabilitação. A Enfermeira, que se chamava Linda – era o que estava escrito em seu crachá – nos guiou até a sala de Cameron. Ela era uma loira alta, magra, seu cabelo estava amarrado em um coque firme, ela era pálida e tinha os olhos verdes brilhantes. Ela parecia ser severa, não demonstrava nenhum sorriso e tinha um sotaque francês engraçado.
– Por ali – disse ela apontando para uma porta branca e pronunciando o “r” de “por” com seu sotaque engraçado.
   Eu e o Policial Billy nos entreolhamos e vamos em direção a porta.
Lá estava Cameron, conversando com uma enfermeira enquanto ele estava sentado em sua cama.
– Olha só Cameron, você tem visitas – disse a Enfermeira morena.
   Cameron não disse nada, só ficou me encarando.
– Acho melhor você falar com ele, eu espero a minha vez. – disse Billy ao meu lado.
    Eu concordo a cabeça e ele sai do quarto.
– Vou deixar vocês a sós. – disse a Enfermeira também saindo.
   Então o quarto fica em silêncio. Cameron continuava me encarando. O Silêncio não era aquele silêncio de paz, mas sim aquele do tipo constrangedor e o qual te irritava.
– Então? – disse Cameron quebrando o silêncio.
– Queria saber como você tá. – digo.
– Não muito bem. – diz ele – Mas irei melhorar.
   Cameron parecia bastante normal. Como sempre. Eu achei que viria ele realmente louco, mas não foi bem assim.
– Estão te tratando bem? – pergunto.
– Bem, sim. Apesar de eles me tratarem como um louco, eu estou bem.
– Então você está completamente curado? – pergunto.
– Não. Quero dizer, só estou confuso, mas não louco. Não irei demorar muito aqui. Talvez uns 3 meses.
   Uma coisa ficou martelando em minha cabeça... Continuávamos um casal? Quero dizer, depois que eu matei o pai dele e tudo mais... Eu nem sei se tivemos um relacionamento de verdade. Era para eu estar odiando Cameron, mas que qualquer coisa, mas por um motivo, eu não estava odiando ele.
– E sua mãe? – pergunto.
– Voltou à cidade uns dias atrás. Ela soube de tudo. Ficou chocada, mas já passou.  – A Expressão dele mudou para confuso. – E Elisa?
- Uh, bem... Depois de ela ter corrido com uma faca atrás de mim, depois de eu me esconder em um cemitério e depois de ela ter caído em uma cova, ela foi ao hospital e está lá. Depois ela vai para a prisão, acho.
   Cameron olhou para baixo.
– Ela era louca... Quero dizer, ela É louca. – ele se corrigiu.
   Concordei com a cabeça. Queria tanto fazer aquela pergunta, mas não podia. Estava com vergonha. Então decidi não perguntar. Quem sabe daqui três meses as coisas ficavam mais claras.
Uma enfermeira abriu a porta e mediu para me retirar, falando que meu horário de visita acabou e estava na vez do Policial Billy.
– Então tchau. – digo a Cameron indo em direção a porta.
– Tchau – diz ele atrás de mim.

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