terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Capítulo 2 {Noites sem dormir}

Acordo suando frio na madrugada e sento na minha cama. Outra vez penso. Coloco meus pés no chão e sinto a dor neles que mesmo enfaixados estavam doendo. Dou um suspiro me forçando a levantar e coloco novamente meus pés no chão.
  Olho ao relógio, 4:25.
     Dou outro suspiro e vou a direção ao banheiro.

Ligo a luz do banheiro e vou a direção a pia. Coloco minhas mãos na borda da pia e olho para baixo pensando o que aconteceu naquela noite. Fecho o meus olhos e respiro fundo e começo a dizer em minha mente o que aconteceu. Meu pai me deixou sozinha. Ouvi um barulho. Fui a cozinha. As coisas começaram a cair. Gritos começaram. Os gritos bloquearam todo os meus sentidos. As luzes acabaram. Meu pai chegou. Tudo voltou ao normal. Meu pai estava furioso. Descobri que tinha cortado meus pés. Fui ao meu quarto sem dizer uma palavra. Vi uma figura estranha de um homem de 40 anos de idade. Ele sumiu. Eu desmaiei. É exatamente o que me lembro. Lembro que eu acordei mais cedo com o mesmo pesadelo - Ficar em uma escuridão no qual se você tivesse com os olhos abertos ou fechados, não fazia diferença. Ser pega por algo que não conseguia ver e sempre parava ai. - Meu pai me contou que tinha me seguido no quarto até que viu eu desmaiada no chão com sangue em meus pés. Ele me levou a um hospital 24 horas para que pudesse levar pontos em meus pés. Ele também me disse que eu estava consciente na hora e que contei toda a história do que aconteceu, mas ele não acreditou.

Levanto a minha cabeça e me olho ao grande espelho na parede do Banheiro. Noto uma criança me observando atrás de mim. Uma garota com mais ou menos 5 anos de idade, longo cabelos loiros cacheados a baixo do ombros. Os cabelos eram jogado pra frente de seu rosto evitando a mostra do mesmo. Me viro rapidamente pra trás, e ela continuava lá a me observar. Eu particularmente achei que ela ia sumir como nos filmes de terror, mas não foi bem assim que aconteceu. Ela usava uma camisola branca até os pés com longas mangas. Ela levantou sua cabeça demostrando seu rosto que era a coisa mais horrível que eu tinha visto. Os olhos eram como bolinhas de gudes pretas, sua pele era pálida e cheia de cicatrizes, sua boca era costurada, parecendo que ela tinha um enorme sorriso no rosto. Vou para trás e bato minhas costas na borda da pia do banheiro e ela continuava lá. Tentava me lembrar como respirava, mas os sentidos pararam de novo. Que nem hoje a noite mais cedo. Para piorar os meu sentidos, ela começa a berrar. O mesmo berro que eu ouvi mais cedo. Eu não entendia como ela conseguia berrar se mal podia abrir a sua boca costurada. Me abaixo no banheiro e tampo os ouvidos com as mãos com a esperança de que acabasse. Lágrimas de terror sai do meus olhos e os gritos param. Levanto a cabeça a procura dessa menina novamente. Nenhum sinal dela.

Estou deitada em minha cama, observando o teto. Eu tenho certeza que não irei dormir, e se ficar em outro cômodo além do meu quarto, algum ruim vai acontecer. Apesar do meu quarto não ser também nada seguro. Me mergulho em meus pensamentos tentado descobrir por quê só acontece quando só estou sozinha. E o porque de que nunca acontece nada com o meu pai. E ele não escuta nenhum dos gritos que ouço. Fico pensando em agir que esteja tudo bem, para que meu pai não me achasse louca e me mandasse para um hospício ou algo assim. Escuto um barulho. Um barulho familiar no caso. Era de um celular apitando e era o meu. Me viro em direção ao criado-mudo ao lado esperando encontrar o meu celular. Nada lá. Eu podia apostar a minha vida que o meu celular estava lá. Por algum motivo o celular não parou de apitar. Consegui perceber que os barulhos viam do primeiro andar, eu não iria lá. Eu não iria me arriscar.

Acordo e olho ao relógio, 8:27 am, consegui dormir pelo menos mais 4 horas.
  Me levanto da cama e já consigo ouvir meu pai gritar meu nome
- Estou indo! - digo indo a direção da escada.
Vejo meu pai segurando o meu celular na mão enquanto estou no meio das escadas.
- Onde encontrou? - digo com um tom feliz em minha voz.
- Na geladeira.
     Geladeira? Como foi parar ai? penso. Mas acho que falei em voz alta porque meu pai me respondeu.
- Eu achei que você teria essa resposta - disse ele confuso.
 Termino de descer as escadas e ele estende a mão com o meu celular para mim.
- Tem uma mensagem de Margaret ai.
  Pego meu celular e vejo a mensagem.

 "Novidades! Consegui juntar dinheiro pra passar uma semana ai! Te encontro em duas semanas, xoxo."

Ao terminar de ler a mensagem, fico com um grande sorriso no rosto. Margaret -provavelmente - conseguiu o dinheiro com seu emprego em uma pequena lanchonete ao lado de sua casa. Ela não era a melhor, mas também não era a pior.
"Não vejo a hora de te ver" respondo a ela.
Eu realmente não conseguia parar de pensar a hora que ela chegasse aqui.

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