Logo eu e Cameron passamos pela porta da lanchonete. Eu
conseguia ver que ele tentava esconder seu olhar triste, o olhar que estragou
tudo.
– Ei! – Cameron diz. Viro-me
e vejo seus olhos tristes – Eu estraguei tudo, não é mesmo?
– Claro que não. Rumores
existem em todos os lugares – digo andando pela calçada.
– E como seriam os rumores na
Califórnia?
Como ele sabe que eu moro na Califórnia? Eu
nunca disse isso a ele.
– Ah, é que meu pai conhece o
seu, e ele me disse sobre você e a Califórnia... – Diz Cameron, que pelo visto
entendeu minha expressão.
– Bom, os rumores são como
“Dizem que aquela mulher trai o marido” ou “Eu soube que aquele menino bate na
mãe por drogas”.
Consigo ouvir que Cameron de uma risada
abafada.
– Uau, na nossa cidade as
casas são apenas assombrada. – disse ele dando um sorriso.
Percebo que ele não está tão mal quanto
antes, ele estava feliz agora.
– Você pode me dar uma segunda
chance? – disse ele com o olhar esperançoso.
– Segunda chance? Do quê?
– De um encontro! – Diz ele
como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Ótimo, era um encontro. Sinto
minhas bochechas queimar, e ficarem coradas.
– E Então? – diz ele esperando
uma resposta.
– Ah, eu não
sei... – penso em dizer não, mas isso apenas significaria mais tempo na casa,
enquanto menos tempo eu passo lá, menos assombrações. – Pode ser.
Sinto que ele está vibrando por dentro.
– Eu vou te levar a um dos
lugares favoritos. – disse ele me pegando no pulso novamente, e me arrastando
seja lá onde for.
Ele começa a
diminuir o ritmo e não faço ideia de onde eu esteja. Mas é um lugar verde e
lindo.
– Chegamos – diz ele com um sorriso no rosto.
Essa é uma parte da cidade que eu não tinha visto. Era um
parque deserto, mas era lindo. A Grama era verde como eu nunca tinha visto
antes, as arvores tinham aroma doce e as flores eram cheirosas como os perfumes
caro da Channel. O Perfume natural e de
graça da Natureza penso.
– O que achou? – dizia Cameron com um sorriso enorme e
bobo ao rosto.
– Eu não sei o que dizer – e não sabia – É lindo!
– Que bom que gostou. – disse ele com o mesmo sorriso.
Ele se sentou na grama, olhou para mim e bateu a mão no
lugar perto dele indicando para eu sentar ao seu lado.
Eu fiquei um pouco desconfortável no começo, mas me
sentei.
Ele tomou uma respiração profunda e disse:
– Então, me fale sobre você.
Bom, com essa
pergunta ele me lembrara de que estamos em um encontro, e tecnicamente fazemos
esses tipos de pergunta, eu acho.
– Meu nome é Anne Elizabeth Frensley, tenho 16 anos,
nasci na Califórnia, gosto de música, livros e romance.
Ele pareceu
realmente interessado.
– Agora me fale de você – eu disse.
– Não tenho que dizer muita coisa – ele pensou – Mas...
Meu nome é Cameron Grooove, tenho 16 e nasci aqui. Gosto de música também, não
curto muito livros, gosto de filmes, de preferência Terror.
– Grooove? Tipo de Skygrooove? – eu disse.
– Exatamente – disse ele – meu pai é meio que bisneto ou
tataraneto do fundador da cidade. Não faz muita diferença.
– Como assim não faz muita diferença?
– Ah, bom, isso não me torna uma celebridade ou me faz
receber tratamento especial ou coisa assim.
Ele era atraente.
Sim, Atraente. Ele não parecia se preocupar com nada, parecia sempre relaxado,
e isso me fez achá-lo atraente.
– Olha. – disse ele apontando para o céu.
Ele mostrou o por do sol, que estava extremamente lindo.
Era como ele se radiasse em vários tons de laranja, amarelo e até um pouco
rosado. Ele sabe onde levar alguém para um encontro.
– Uau – é só o que eu digo.
Ele estava olhando
para o meu rosto, enquanto eu apreciava o por do sol. Ele estava dando um lindo
sorriso.
– Uh, Cameron, eu sei que é meio fora do assunto, mas... Esse
“assassinato” há quanto tempo aconteceu?
– Bom, uns 20 anos atrás. Ele foi verdadeiro, porque meu
pai que me contara. Ele era nascido na época, óbvio. Mas isso não significa que
tenham fantasmas lá, não é? – ele olhou para mim com um sorriso.
– Bom, é. – minto.
– Anne, enquanto sua mãe? – disse ele mudando a expressão
– você só se mudou com o seu pai, certo?
Senti um nó na
garganta, eu odiava falar da minha mãe.
– Bom, ela está na áfrica, ajudando os animais com risco
de extinção. – menti novamente.
Eu odeio falar da minha mãe. Ela abandonou a mim e meu
pai quando eu tinha 12. Ela fugiu com um cara chamado Maicon que era dono de um
cassino. Ela não se importava comigo, nem queria saber se eu estava morta ou
não. Ela nem sequer apareceu no hospital ou ligar pra perguntar se estou bem
depois de ter sido atropelada por um carro quando tinha 14. Eu estava atravessando,
um cara passou o sinal. Só me lembro de ter acordado em uma maca. Bom, mas essa
já é outra história.
– Ela parece legal. – disse Cameron que eu esquecera que
estava ali.
O Meu corpo meio que gelou quando ele disse isso. Ela não
era nada legal.
– E seus pais? – pergunto.
– Bom, meio que não dou muito bem com o meu Pai, ele é do
tipo mandão. Já minha mãe, apesar de me tratar como um bebê, ela é bem legal.
Ele parecia meio
chateado quando disse, mas deveria ser apenas impressão minha.
– Está lindo, não está? – disse ele – o por do sol.
– É, está realmente lindo.
Quando me dera conta, ele estava se
aproximando. Para um beijo. Meu
coração começou a bater a 100 por hora e sabia que meu rosto estava vermelho
como uma pimenta. Meio que senti minha respiração começar a falhar, além de
ficar mais pesada.
Por um momento, queria
interromper, mas por outro eu queria. Porque eu percebi que estava me
aproximando também. Já consigo sentir o calor dos nossos lábios, que estão
realmente um centímetro de distância, mas quando iam tocar um ao outro, o
telefone de Cameron toca.
Senti raiva
naquele momento
Ele logo interrompeu o beijo e desligou o celular, e se
levantou rapidamente.
– Desculpa Anne, quando meu pai me liga é que é hora de
ir. Se eu não for ele me quebra ao meio. Não literalmente, mas ele é muito
severo. – ele parecia balançar o pé apressado – eu tenho que ir. Realmente me
desculpe. Eu passo em sua casa, podemos marcar outro encontro. Mas agora eu realmente tenho que ir.
Ele saiu correndo
até eu o perder de vista. Ele falou tudo rápido que eu quase não entendi muitas
coisas. Mas eu fiquei lá plantada, tentando analisar o que aconteceu. Senti-me
aliviada e ao mesmo tempo com raiva por aquele beijo não ter acontecido. Deito
na grama, e fiquei olhando o fim do por do sol. Eu não queria voltar pra casa.
Fiquei imaginando algumas coisas sobre a casa e sobre o
tal assassinato. Eu vira dois da família na casa. O Primeiro foi o velho,
aquele que maltratava a família. Segundo foi a garota que vira no banheiro. Os
dois na mesma noite. Respirei o ar puro como se fosse à última vez. Eu sabia
que tinha que voltar pra casa, meu pai já deve está surtando se perguntando onde
estou.
Levanto-me e vou à direção da minha casa. Ou daquela
casa.
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