sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Capítulo 3 {A História}

Estava andando pela calçada a procura de uma padaria aqui perto que meu pai avisou-me que eles estavam procurando funcionários. Eu não queria trabalhar logo tão cedo, mas conseguir um emprego significava passar menos tempo na casa, então valia. Além do mais, conseguir um dinheiro extra, poderia pagar uma viagem pra ficar um tempo na Califórnia. Enquanto andava pelas ruas, percebia que aquela visão da “Cidade que Parou no tempo” não existia mais. Assistindo mais de perto você poderia ver os adolescentes com seus IPhone 5 na mão e dando gargalhadas. Impossível que eu que vivo na Califórnia tenho um Blackberry velho e eles que moram em uma cidade que menos do terço do mundo ouviu falar, tem um IPhone.

Logo encontro a padaria e entro na mesma e dou de cara com uma menina. Ela parecia ter minha idade, era loira com olhos azuis. Ela me fez lembrar um pouco da garota que virá no banheiro noite passada.

– Olá – ela me cumprimentou.
– Oi – digo com timidez em minha voz.
– O que gostaria? – perguntou a menina loira.
– Ah, eu só... Meu pai avisou que vocês precisam de funcionários... – Parei um segundo pra olhar a menina de novo que apenas balançou a cabeça pra eu prosseguir. – Eu gostaria de preencher essa vaga. – digo com insegurança em minha voz.

  A menina apenas me guia até uma sala, que acho que seria a sala dos funcionários e me entrega uma prancheta e uma caneta. A Loira vai até a porta e diz por cima do ombro                           
– Preencha isso e avisaremos amanhã se a vaga será sua.

  Antes de pronunciar as últimas palavras ela dá um pequeno sorrisinho. Ela parecia ser legal e falsa ao mesmo tempo. Não irei julgar ninguém pela aparência.

Saio da padaria, já entreguei a prancheta a ela, e quando ela lia, não esbanjou nenhuma emoção. 

Vou andando aleatoriamente pelas ruas, porque não queria voltar pra casa.

Enquanto ando aleatoriamente pelas calçadas, consigo ouvir meu nome. Olho para os dois lados, e não vejo ninguém. Continuo andando, dessa vez apertei os passos, porque acho que os fantasmas conseguem me perseguir até fora da casa.
– Anne – escuto de novo.

  Olho para trás e dessa vez consigo ver alguém. Era o menino loiro que me acertou com uma bola ontem. Vejo-o correndo em minha direção.

– Oi! Você se lembra de mim? – disse ele esperançoso.  – Sou o cara que...
– Me acertou com uma  bola na cabeça. – o interrompo.

  Ele me olha com um olhar Foi Mal e eu apenas do um sorriso tímido.

– Bom, é por isso que eu to aqui. Para me redimir – disse ele dando um sorriso malicioso que chegou a me assustar um pouco – Quero te levar a um lugar – ele completou.

Um encontro? Não. Ele não disse “encontro”, mas esse sorriso me fez pensar exatamente em um encontro. Mas pode ser só para se redimir, certo? E se realmente fosse um encontro,  por que ele iria convidar uma garota que ele deu uma bolada na cabeça?
– Então... – disse ele esperando por uma resposta.
Tinha novamente esquecido que ele estava ali, esperando uma resposta.
– Tá... Eu acho que sim. – digo com um sorriso.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ela agarrou meu pulso e começou a me guiar/arrastar para o lugar que ele queria me levar. Só que ele estava correndo mais do que eu podia correr, e por isso estava sendo arrastada.
– Espera ai. Vai com calma – digo tropeçando em meus próprios pés.
– Vamos. – disse ele um pouco impaciente.

Enquanto ele continuava a me arrastar, consigo ver as pessoas nos olhando, achando confusa a situação.
- Estamos quase lá – disse ele diminuindo o ritmo.
  Paramos.
   Agora eu podia respirar.

– Chegamos – disse ele apontado para uma lanchonete

Começo a tomar fôlego e olho a lanchonete. A Lanchonete era branca e vermelha com as pinturas ainda novas. Tinha uma grande porta de vidro logo na entrada dando pra ver um pouco de dentro dela. Antes que eu pudesse escutar meus próprios pensamentos, Cameron pegou meu pulso e me arrastou para dentro da lanchonete.

Quando pude ver ela por dentro, era como voltar no tempo. Ela tinha a decoração de uma lanchonete dos anos 80, e eu tenho que admitir, era muito legal. Os pisos tinham quadrados pretos e outros brancos. Os sofás e bancos eram de couro vermelho. Tinha alguns pôsteres de cantores do mesmo ano.

– Gostou? – disse Cameron com um grande sorriso.
– Amei! – Disse com um sorriso de uma criança de seis anos quando recebe doce.

Ele deu um sorriso e me guiou até uma mesa.
 Uma garçonete de patins veio nos atender.
– O que desejam? – disse ela olhando para o bloco de notas em sua mão.
–  Eu vou querer cheeseburguer com fritas e um Milk-shake médio de chocolate – disse Cameron.

Ele olhou para mim, esperando que eu fizesse meu pedido.
– O mesmo que ele. – disse enquanto a garçonete anotava no bloco de notas rapidamente.

Minutos depois, a garçonete com patins trousse uma bandeja com os nossos pedidos e os colocará na nossa mesa.
– Obrigada – eu disse.
– Então, você é nova na cidade, não é? – disse Cameron.
– Ah, é... Com você sabe?
– Bom, aqui a cidade é bem pequena, então por isso todo mundo aqui conhece um ao outro. – disse ele pegando uma de suas batatas fritas. – Provavelmente te estranharam.

Quando ele completou a frase, me lembrei daquelas pessoas me encarando no vidro do carro quando vimos pra cá.
– Quanto tempo está aqui? – disse Cameron. 
– Na cidade?
– É!
– Bom, apenas três dias.
– Em que casa você está morando?
Com tantas perguntas, estava me sentindo em um interrogatório.

- Eu não sei dizer ao certo. – Eu queria dizer que não sabia ao certo que rua era. Eu não tinha marcado o nome, só o caminho.
 – Eu moro na casa perto da floresta, sem vizinhos...

Eu estava tentando descrever a rua, mas acho que não estava dando certo.
– Pera, você está morando na casa dos Conley? – Perguntou ele um pouco assustado e entusiasmado.
– Err... Sim eu acho. Por quê? – Eu sabia que ele iria dizer algo relacionado com assassinatos ou algo do tipo, e isso fez minhas mãos começarem a ficar tremulas.
–  Ah, bom. Só são rumores, mas... – Ele deu uma pausa pra ver minha reação, e ela não era uma das melhores – Mas dizem que morava uma família lá. Os Conley. Um marido e uma mulher, e um casal de gêmeos.

Minhas mãos começaram a ficar geladas, e senti um frio na espinha. Logo Cameron continuou 
– Eles não tinham vizinhos, mas pessoas que ás vezes passava por lá, via as crianças machucadas, com ferimentos... – Era como se ele estivesse imaginando a cena. – A Sra.Conley não falava. Só o que deveria. E sempre dizia estar tudo bem, mas muitas pessoas sabiam que não estava.
  
  Minha respiração começou a ficar mais pesada.

– Havia rumores que o marido, Sr.Conley, maltratava a esposa e os filhos brutalmente, e que eles se mudaram pra lá, porque não havia vizinhos para escutarem os gritos e outras coisas. – Ele parou de novo pra ver minha reação, que continuava das piores. – Um dia, acharam o Sr.Conley morto dentro da casa. Encontraram o corpo da mãe na banheira da casa, dado como suicídio.
– E das crianças? – disse com medo na voz.
– O Corpo do garoto foi achado enterrado no quintal e o da menina nunca foi achado. – Meu coração e minha respiração pararam naquele momento. – E é por isso que tem rumores sobre aquela... Sua casa... ser assombrada.

Agora sinto meu corpo gelando e acho que estou suando frio, mas tento não demonstrar isso. 
– Você já viu algo lá? – Me pergunta Cameron.
– Uh, não. – Menti. – Você sabe como as crianças eram?

Eu achei que fiz uma pergunta um tanto idiota, porque se não tivera nada lá, por que eu iria querer saber como os gêmeos eram.
– Sei lá, acho que loiros. – Me lembrei daquela garota do banheiro. – Mas isso não importa. Se não tem nada lá significa que esses rumores sobre sua casa é tudo falso.

Ele tentou me fazer sentir melhor, mas eu sabia que tinha algo lá.
– Anne, você está bem?
– Uh, sim estou. Por quê? – Menti de novo.
– Você está um pouco pálida.
Eu sempre fui pálida, mas acho que eu deveria está em cor de papel.
– Eu to bem. – Menti de novo. – Acho melhor irmos embora, eu já terminei de comer.
– Ok então – ele responde.
Ele chama a garçonete e paga a conta. Logo saímos de lá.

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