Capítulo 9: Prisioner/Prisioneira
Mike me bateu de todos os tipos e eu claramente não pude
revidar.
Socou, chutou e etc... Sentia que agora o melhor, sem
dúvida, seria ele me matar em vez de que apanhar rigorosamente.
Deitada no chão com fraqueza para levantar, Mike me
arrasta para a cama desocupada e colocou a camisa de força a força.
– Vou te contar as regras do jogo – disse ele –, A Noite,
voltaremos e faremos um tipo de “pega-pega”, se algum de nós pegarmos você, nós
ganhamos. – ele sorri maliciosamente.
Ele sai me deixando sozinha, por um motivo, sabia que não
era só aquilo. E eu sabia se eu perdesse eu iria me dar mal, só não sabia como.
Fiquei deitada na cama olhando para o teto, ou melhor,
olhando para a escuridão, já que não se dava para ver absolutamente nada.
Depois de tudo, tinha até me esquecido exatamente o que aconteceu com Stewart.
Um olho meu só via manchas, minha cabeça estava doendo e
a maior parte do meu corpo estava roxa. Eu sabia que seria um pega-pega
injusto.
A única pessoa que eu pensei que me tiraria dessa seria
Cameron, mas pelo visto ele não se importava comigo. Ninguém daria nenhuma
falta de mim. Não sou amiga de ninguém aqui, meu pai não está na cidade e meu
“namorado” me entregou, assim digamos.
Dou um suspiro fraco, porque, só de respirar, meu corpo
inteiro doía. Eu não sabia que horas eram não sabia se era noite, se era tarde,
ou se ainda era bem de manhã. Eu nem sei se passou minutos, horas, ou seja lá.
A Cada segundo era como se fosse uma eternidade. Eu estava exausta demais até
para dormir. A Escuridão não de me deixava ver nada e a cada segundo eu me
sentia completamente uma louca. A Escuridão total me perturbava, se eu fechasse
os olhos continuaria a mesma coisa. Eu nem sabia se continuava viva. Aquilo
estava me deixando paranoica.
Abro os olhos e nem me lembro se eu dormi. Será que
apenas fiquei acordada observando o escuro. Será que dormi? E se dormi, era
noite agora? Ninguém veio me buscar.
Tento me mover, porém começo a sentir dor novamente.
– Droga – murmuro baixinho. –, Por que essa demora toda?
Talvez semanas, dias ou apenas horas se passaram e eu
estava no limite. Estava faminta, com sede, com fraqueza e me sentia suja. Não
conseguia me mover, eu precisava fazer meu sangue circular. Não via mais a luz
do sol, afinal, eu não via luz alguma. Eu iria morrer e ninguém iria se
preocupar se eu morri ou desapareci. Acho que nem meu pai se importaria. Agora,
quem seria um espírito pedindo ajuda para ir para luz seria eu, mas como todas
as pessoas daqui são horríveis, eu teria a grande sorte de ficar penando nessa
cidade.
Talvez eu possa assombra-los até se suicidarem, penso.
Começo escutar de algum lugar vozes ao longe e passos
pisando a grama. Seriam finalmente eles?
Alguém abre a porta do alçapão e a luz, fraca, mas mesmo
assim, depois de tudo que passei, forte para mim, cega meus olhos. Queria
colocar as mãos em meus olhos, porém elas estavam presas em uma camisa de
força.
– Desculpe a demora – alguém diz descendo do alçapão.
Tento falar, mas acho que esqueci como faz isso.
O Garoto se aproxima da cama que estava deitada e mesmo
com a fraca luz do luar, eu o só via-o como uma silhueta preta. Então acho que
desmaiei, porque não me lembro de nada.
Acordo agora em minha cama. O Quarto estava com as luzes
apagadas, porém não era aquele escuro que não dava para ver absolutamente nada
e sim aquele escuro que dava para ver tudo.
Conseguia ver o guarda-roupa branco no canto da parede do
meu quarto, conseguia ver o meu criado-mudo ao lado de minha cama, conseguia
ver minha escrivaninha ao lado do guarda-roupa e conseguia ver uma cadeira a
frente de minha cama, com Cameron sentado nela.
Sentei-me na cama com um susto e acabei acordando
Cameron.
Cameron abriu os olhos assustado e logo abriu um sorriso
quando viu que eu acordei.
– Quantos dias passaram? – foi a primeira coisa que saiu
da minha boca.
– Um e Meio.
– Onde vocês estavam? – disse com raiva.
– Eu explico isso depois. – disse ele se levantando da
cadeira. – Acho melhor você tomar um banho, eu não sei. Eu vou pedir uma pizza.
– Então Cameron deixou o quarto.
Logo minha cabeça se encheu de perguntas. Como Cameron me
tirou daquela roubada? Por que eles nunca apareceram para fazer os desafios? E
o que Cameron estava escondendo?
Então me levantei da cama. Quase cai assim que me botei
de pé. Minhas pernas pareciam de chumbo e a cada passo que dava, meus joelhos
tremiam.
Peguei roupas e fui em direção ao banheiro.
Tomei um banho bastante demorado e vesti apenas uma blusa
e um jeans, penteei meus cabelos e os prendi em um rabo de cavalo um pouco mal
feito.
Quando desci, vi Cameron fechando a porta e em suas mãos,
estava carregando uma caixa quadrada, que no caso, era a caixa de pizza.
– Você deve está com fome – disse Cameron ido em direção à
cozinha.
– Muita.
Cameron colocou a pizza na mesa e pegou alguns guardanapos.
Eu me servi quase imediatamente.
– Me conte tudo – disse dei uma mordida na pizza.
Cameron suspirou, mas começou.
– Eu consegui negociar com eles, demorou um pouco, mas
consegui. Eles não vão mais nos incomodar. – disse Cameron nem olhando para
mim. Ele estava escondendo algo.
– Mas como...
– Ah, seu pai ligou. – ele mudou de assunto rapidamente.
– Meu pai?
– Sim. Ele disse que uma tal de Violet precisou ir as
pressas ao hospital e não teve tempo pra avisar ou ligar. Ele volta daqui dois
dias. E pediu desculpa.
– Ele não achou estranho você ter atendido o telefone?
– Não, ele parecia está bastante nervoso e apressado.
– Entendo.
Terminamos a pizza em silêncio e Cameron disse que
precisava voltar para casa, assim me deixando sozinha.
Sentei-me ao sofá com milhares de perguntas ainda não
respondidas. A Única pessoa que eu poderia confiar agora não era tão mais
confiável. Cameron estava mais misterioso
que antes. Eu achei que depois de tudo, eu agora o conhecia, mas agora eu não
tinha tanta certeza.
Apoiei minhas mãos para levantar do sofá, mas antes que
pudesse levantar, me deparei cercada com névoa novamente.
Dessa vez elas não eram só névoa, elas estavam misturada
com uma fumaça negra. A Névoa era mais acinzentada, assim, se camuflando com a
fumaça.
Uma vez ou outra, achei que teria visto um rosto sombrio
misturado com a fumaça, mas toda vez que tentava ver melhor, o rosto
desaparecia.
Comecei a ficar assustada, dessa vez, a visão não
desaparecia. Comecei a ficar preocupada com o fato de ficar lá para sempre. Não
tinha ninguém em casa, eu não fazia ideia se eu cai ou algo do tipo. Mas antes
que eu pudesse começar a chorar, a visão mudou.
Estava em uma floresta e eu já sabia qual floresta eu me
encontrava.
Estava noite, a lua estava cheia e brilhante, avistei uma
mulher com um vestido branco correndo pela floresta e um homem em terno negro
correndo atrás dela. Ocorreu-me a ideia de que o vestido era um vestido de
noiva, porém estava sujo e rasgado. Outra coisa que ocorreu em minha cabeça era
que o que eles estavam fazendo era similar com o desafio do Mike. Só uma coisa eu não sabia, o que acontecia
quando a garota era finalmente pega.
Mas antes que eu pudesse descobrir, voltei para a sala de
estar, e estava no chão olhando para o teto.
Levantei-me e olhei para os lados, tudo continuava o
mesmo.
Quando dei o primeiro passo para a direção da escada, eu
escutei vozes. Vozes longes e abafadas, não conseguia distinguir o que diziam e
nem de onde vinham, mas não eram vozes de mortos.
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