Capítulo 10: The Lie of Cameron/A Mentira de Cameron
Olho em volta da casa, às vozes pareciam ter sumido, não
conseguia ouvi-las, porém tinha impressão que essas vozes vinham de trás da
minha casa e que e as vozes eram dos membros do Mike. Eles estariam fazendo
outro desafio?
Aproximo-me da
porta do fundo, mas mudo de ideia. Tenho problemas demais para resolver, desde
que eu fique segura, essas pessoas não importam para mim.
Fico batucando mina carteira com a caneta esperando a
aula terminar. Não tinha visto Cameron ainda. Por algum motivo, estava curiosa
para vê-lo, talvez só por que queria fazer perguntas que ele ainda não me
respondeu. E eu sabia com toda certeza que Cameron estava escondendo algo.
A Aula finalmente termina e corro para o corredor, tento
avistar Cameron, mas avisto mais que isso. Vejo Cameron e a turma do Mike.
Juntos.
Cameron percebeu que estava o olhando e veio em minha
direção. Porém recuei e sai pelos corredores.
– Anne, ei, espera! – diz Cameron me seguindo.
– Me deixa em paz! – grito, porém ele continua a me
seguir.
– Eu posso explicar! – paro quase imediatamente e me viro
para ele.
– Pode começar – digo cruzando os braços e começo a bater
o pé.
– Olha... Eu... – ele parecia está pensando no que dizer.
Então balanço a cabeça indicando para continuar.
– Eu meio que devo a eles. – ele falou finalmente.
– O quê? O quê você deve?
– Olha Anne, eu consegui tirar você daquela roubada, não
é? Você poderia apenas agradecer? E você
sabe que eles não deixariam você sair de graça.
– Me diga o que você deve.
– Não é nada demais! Eu...
– Continue.
– Eu não posso falar ok?
– Você os conhecia antes, não é mesmo? Conhecia-os antes
de eu está aqui. Participava por conta própria e não sei o porquê que você saiu
desse grupo, mas você participava, não é?
– Anne, eu...
– Você... Você ajudava-os a sequestrar meninas inocentes!
Você soube que uma delas iriam denunciar vocês, e foi por isso que você saiu!
Para se safar – digo cutucando o peito dele com o dedo. –, Você nunca foi de
confiança! Eu achava que você era forçado, achei que você era forçado por seu
pai, que você teve uma infância difícil, ter que matar garotas por sua irmã,
mas você gostava disso! Você devia amar, eu não sei!
Cameron tentou abrir a boca para falar, porém o
interrompi.
– Esquece. – digo tomando um pouco de fôlego. Eu estava
fervendo de raiva, as coisas começaram a se juntar como um quebra-cabeça e eu
não conseguia acreditar. – É isso que eles querem, não é? Que você volte para o
grupo e que você faça o que fazia antes... É isso o que você deve a eles e por
mim. Talvez você deva esquecer o que deve, não preciso disso. Eu estou cansada
daqui, estou cansada de tudo! Eu só queria voltar para casa, na Califórnia –
acrescentei depressa – onde eu gostava, onde eu vivia. Onde eu não estava
cercada por psicopatas loucos!
Cameron não pareceu ter uma resposta, mas se tivesse, não
o deixei falar.
– Adeus Cameron. – digo me virando e saindo pelos
corredores.
Estava queimando de raiva. Queria voltar pra dar um murro
na cara de idiota dele. Eu não sabia o que sentia primeiro, estava sentido
raiva, decepção, me sentia traída e ódio. Sinto-me mal por ter me sentido mal
quando achei que ele continuava sendo um psicopata. Porque agora eu tenho
absoluta certeza que ele continua sendo um!
– Respira fundo – digo a mim mesma continuando a andar
pelos corredores com o punho cerrado – respira.
Se eu não tivesse com tanta raiva poderia ter até
começado a chorar naquele momento, mas não valia a pena. Lágrimas não vai mudar
nada e eu ainda passo de idiota.
O que ele queria comigo? O que ele pensou quando me
convidou para sair? Só deus sabe o que ele queria e sinto arrepios até de
pensar nas milhares de coisas que ele poderia ter feito. Mas não entendo outra
coisa, se ele realmente fosse um psicopata, por que nunca fez mal a mim sempre
que podia? Que no caso, eram muitas vezes.
Pare de pensar nele como um mocinho, Anne – penso. – Ele não
é quem parece ser ele só é um psicopata e deve ser assim que as mentes dos
psicopatas funcionam, eu sei lá. – continuo me dando conselhos mentalmente.
Vou em direção ao meu armário, pego meu livro de
matemática e fecho a porta com força. Forte o bastante para atrair uns olhares
curiosos para mim.
Uns sussurravam, outros pareciam até um pouco chocado,
mas eu os ignorei e fiz o meu caminho para a sala de aula.
Enquanto a professora explicava, eu não lhe dava muita
atenção. Estava a encarando, porém não ouvia nenhuma palavra que ela dizia. Meu
sangue fervia de raiva, fazendo eu não conseguir me concentrar.
Na hora do almoço, eu teria avistado Cameron com o canto
do olho, acho que ele tentou me seguir, porém sai o mais depressa que pude do
refeitório e fiz meu lanche no jardim da escola.
Minutos depois os alunos foram reunidos ao refeitório novamente
para a diretora dar um anúncio.
A Diretora pigarreou, assim fazendo centenas de alunos
pararem de cochichar e prestar a atenção nela.
– A Escola queria anunciar que teremos uma festa daqui
dois dias, sábado ás 18h30min até ás 22h00min. Ano passado a escola arrecadou
bastante dinheiro com a lavagem de carro, eu e os professores achamos que seria
justo, depois dos esforços dos alunos, ter uma festa para comemorar. A Festa
será feita pelo comitê de baile e caso queira dar alguma sugestão, dica ou
ajuda, contate o comitê de baile.
Então assim, a diretora parou de falar e saiu junto com
os outros professores. Talvez eu só tenha imaginado, mas acho que vi Cameron
olhar para mim em algum lugar da multidão de alunos reunidos ao refeitório se
retirando.
– Eu não vou de jeito nenhum nessa festa – murmuro para
mim mesma.
– Por que não? – escuto uma voz atrás de mim que me dá um
grande susto.
Viro-me e vejo um garoto alto bastante familiar, cabelos
castanhos claros e olhos azuis claros como o céu, porém não lembro quem ele é.
– Vá comigo – disse ele. – Por favor.
– Eu... – continuo a encara-lo para lembrar-se de onde o
vira. – Eu não sei.
– Eu te busco, disse ele. Até sábado. – e saiu me
deixando plantada no meio do refeitório com um monte de perguntas para fazer.
Queria lembrar-se de onde vira aquele garoto, mas não
conseguia, ele era familiar e eu tinha toda a certeza disso. Também queria
saber seu nome e como ele sabia onde eu morava.
O Garoto se misturou com a multidão e eu o perdi de
vista.
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