Capítulo 11: I Meet You
Sexta passou voando. Tive mais um dia entediante e comum
na escola e nem eu e Cameron nos falamos. Avistei-o algumas vezes no corredor e
até trocamos olhares, mas eu sempre desviava.
Quando cheguei em casa, meu pai já tinha chegado, estava
desfazendo as malas. Ele me cumprimentou com um simples “Olá” e não nos falamos
mais.
Na manhã de sábado, acabei acordando cedo, já que estava
acostumada com o horário da escola. Continuei na cama tentando pensar de onde
eu vira aquele menino antes. Ele parecia familiar, bastante familiar, mas não
conseguia me lembrar.
Eu tenho certeza de que o vira e tinha algum sentimento
forte por ele, não amor, mas desconfiança e até um pouquinho de desgosto. Mas o
problema era Por quê? Por que ele parece ser alguém de uma lembrança ruim?
Fiquei na cama até dar dez da manhã decidida que não
conseguiria dormir de novo.
No café da manhã, fiquei olhando para a minha tigela
intocada de cereal. Continuava com algumas perguntas na cabeça.
A pergunta sobre quem ser aquele menino logo ficou para
trás quando eu tinha outra pergunta em mente: Ele realmente vai me levar para
aquela festa?
As horas se passaram com eu me arrumando e me
desarrumando para essa tal festa. Umas horas eu estava decidida que ele viria,
em outras horas eu não tinha tanta certeza.
Meu pai percebeu o que eu estava fazendo e me perguntou
sobre isso.
– É que um garoto me convidou para uma festa da escola e
ele disse que iria me buscar só que eu não faço ideia de quem ele era ou qual é
o nome dele e se ele realmente vai vir.
– Não sabe o nome dele?
– Não.
Se meu pai pretendera dizer algo, eu nunca vou saber,
porque eu subi a escada decidida em me maquiar novamente. A única coisa que eu ouvi
dele foi um resmungo com “meninas” no meio.
Depois da 4ª vez recolocando a maquiagem, decidi
desistir. Caso ele não viesse eu iria tirar o vestido e a maquiagem.
No relógio deu 19h45min quando eu decidi me sentar em
minha cama.
Fiquei olhando a cada segundo para o relógio e o tempo
parecia ter voado.
– Ele não vai vir – decidi quando deu 20h00min
Mas eu estava enganada, porque no mesmo segundo eu ouvi
uma buzina tocar.
– Aquele garoto que você não faz ideia quem é chegou! –
gritou meu pai do andar de baixo.
– Estou indo!
Desci as escadas o mais rápido que pude e 1 minuto depois
já estava no quintal.
O Garoto estava encostado no carro e quando me viu, me
aliviou com seus olhos da cor do céu.
– Você está muito bonita – ele elogiou. – Gosto de azul.
Olhei para o meu vestido azul que eu tinha certeza que
vesti um cor-de-rosa.
– Obrigada e... Uh... Qual é seu nome mesmo?
– Bryan – disse ele.
Ele abriu a porta de sua BMW negra para mim e eu entrei.
Quando entrei, senti mais desconfiança ainda, nem o bom
cheiro de pinho me ajudava a relaxar. Eu
tinha absoluta certeza que ele estava mentindo sobre o seu nome.
Bryan – ou seja lá qual fosse o nome dele – entrou e deu
a partida no carro, mas antes de sair do lugar ele mexeu no rádio. Ele colocou
em uma rádio de Jazz e eu absolutamente não conhecia a música.
Saímos do lugar e eu continuei a encara-lo. Ele estava
cantando a música que tocava enquanto mexia a cabeça. Os olhos cor do céu se
encontraram com os meus e ele deu um sorriso, mas logo voltou sua atenção na
estrada.
Eu poderia ter até retribuído se eu não tivesse tão
disposta a saber quem ele era.
Eu tinha certeza que eu nunca falei com ele, a voz não
era familiar, mas ele era até demais.
No meio do caminho, fiquei tentando tirar essa ideia de
que o já conhecia talvez ele só seja parecido com alguém com quem eu conhecia
ou talvez eu o avistasse no corredor algum dia.
Mas por que ele estava tão interessado em mim?
– Passamos a escola – digo quando me dei conta que já tínhamos
passado da escola a muito tempo.
Bryan não respondeu.
– Bryan?
– Hum?
– Passamos a escola.
– Ah, não, a festa não é na escola.
– Não? – pergunto meio desconfiada.
– Não. – ele confirmou ainda dando atenção na estrada.
Talvez eu só imaginei, mas acho que tinha visto um
sorriso no canto da boca que ele deu.
Meu coração começou a acelerar e minha respiração começou
a ficar mais pesada. Algo não estava certo.
– Você é familiar – por fim disse – Já nos falamos antes?
– Não, eu não acho que já. Acho que você deve ter me
visto em algum lugar, mas não nos falamos.
– Deve ser – digo olhando para a pista.
A rua estava deserta e tudo estava escuro. Agora eu tinha
certeza de que algo realmente não estava certo.
– Onde é a festa? – pergunto nervosa, mas o tom saiu mais
como um tom de desafio.
– Não muito longe daqui.
– Onde exatamente?
Ele me avaliou com os olhos, sério e depois deu um sorriso.
– Relaxa. – disse ele voltando a dar a atenção para a
pista.
Respirei fundo e continuei a encara-lo.
Então a resposta veio para mim com um relâmpago.
– Tem certeza de que nunca nos vimos antes?
– Não cara a cara.
– Então seu nome não é Lucas? O Garoto que tinha cabelos
cor de areia que estão agora castanhos?
Lucas olhou para mim assustado.
– Você demorou...
– Demorei por que quando vi você cara a cara foi quando estávamos
em baixo de um alçapão escuro. PARE O CARRO!
Então inesperadamente ele parou o carro.
– Você que manda – disse ele olhando para mim com um
sorriso no rosto.
Mas antes que eu pudesse mexer um músculo, algo tocou na
minha nuca. Olhei para o espelho do retrovisor e vi um reflexo de uma pessoa mascarada no
banco de trás segurando uma arma apontada para a minha cabeça.
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