Capítulo 12: The Trap
Prendi a respiração. Tinha medo que se eu fizesse
qualquer coisa ele poderia disparar em minha cabeça.
Eu não sabia como estava me sentindo. Toda emoção ou
sentimento se esvaziaram de mim e meu único propósito era não mexer um músculo.
O Carro ficou frio também, a minha pele estava gelada e sem tocá-la eu podia
sentir isso.
Ocorreram mais alguns segundos de silêncio que pareciam
mais horas. Então, finalmente ousei me mexer e dizer algo.
– Então tudo foi uma armadilha? – Lucas riu ao meu lado.
– Você é bastante burra, hein garota? – disse ele ainda
rindo – Achei que soube disso quando ele colocou a arma na sua cabeça – disse ele
indicando o garoto encapuzado com a cabeça.
– Ethan? – adivinhei.
Como resposta, o garoto tirou a máscara e no espelho do
retrovisor pude ver sua cabeleira ruiva e seus olhos negros maldosos.
– Lucas – disse Ethan – Temos que tira-la logo daqui. Não
podemos ficar aqui para sempre.
– Tem razão – concordou Lucas.
Lucas saiu do carro e logo abriu a porta para mim. Ethan
sequer um segundo tirou a mira da arma de mim.
Em seguida Ethan também saiu do carro e continuou a mirar
em mim.
– Onde temos que ir mesmo? – perguntou Lucas coçando a
cabeça.
– Para a colina – disse Ethan apontando com a cabeça.
– Ah é claro.
Então nós fomos em direção dessa tal colina.
Andamos no que pareciam horas, mas o caminho pareceu mais
longo por causa da discussão de Ethan e Lucas.
– Eu odeio o meu cabelo castanho, você que deveria ter
feito esse papel – resmungou Lucas.
– Quantas vezes eu vou ter que repetir? – falou Ethan
estressado – Eu sou ruivo natural, não faria isso com o meu cabelo.
“Eu sou ruivo natural, não faria isso com o meu cabelo”
Lucas imitou Ethan em uma voz muito mais aguda.
– Esquece – desistiu Ethan.
Mantive-me calada esse tempo todo, reparei que dentro do
carro parecíamos que ainda estávamos na cidade, mal notei que já tínhamos saído
dela.
Tivemos que percorrer um longo caminho de uma estrada
deserta e depois subir um pequeno morro até chegar ao alto da colina.
No meio da subida ao morro eu estava virando banquete
para mosquitos e a grama estava fazendo meus pés coçarem violentamente.
Me amaldiçoei por ter colocado um salto e usar um vestido
bem “aberto”.
Duas ou três vezes eu quase cai, assim fazendo Ethan e
Lucas me ajudarem, apesar de Lucas sempre achar que eu estava tramando algo e
quase apertar o gatilho.
A Subida estava exaustiva e minhas pernas já estavam
começando a se recusar a mexer, mas, felizmente, chegamos.
Diferente do morro, no topo da colina não tinha muita
grama. Apenas um pequeno tufo aqui e ali, mas ainda assim era muito pouco.
O chão estava coberto de terra úmida e fazendo grandes
poças de lama e várias vezes pisei nela fazendo não só meu salto, mas sim meu
pé ficarem imundos.
– Anda logo – resmungou Ethan que estava logo atrás de
mim com a arma muito bem apontada.
– Eu não tenho culpa – sibilei enquanto chacoalhava meu pé encharcado de lama.
Estávamos nos
aproximando do lugar marcado, porque, não muito longe, já avistei uma fogueira
e duas silhuetas. Uma sentada e outra em pé.
A pessoa que estava em pé parecia estar de braços
cruzados e estava balançando o pé de impaciência. A pessoa sentada estava
olhando em nossa direção, mas ficava imóvel.
Quando chegamos perto o suficiente da luz, vi que a
pessoa em pé era Mike, no qual era quem eu estava pensando.
E a pessoa sentada era Cameron, outra pessoa no qual
adivinhei, então não foi surpresa alguma vê-lo ali.
Ele também não parecia surpreso em me ver, ele olhou para
mim, mas quando voltei a olhar para ele, ele desviou o olhar.
Então eu percebi que ele estava amarrado. Com uma corda
velha já se desfiando.
– Amarre ela – disse Mike tacando uma mochila para Lucas.
Ethan continuava com a arma apontada para mim.
Lucas, então, tirou uma corda parecida com a corda que
estava amarrando Cameron de dentro da mochila e fez sinal para eu sentar.
Ele não precisou falar duas vezes, sentei ao lado de
Cameron e Lucas me amarrou com a corda em um nó apertado e se levantou.
Quem sou eu para negar as ordens deles quando se um deles
tem uma arma apontada para mim?
– Cadê a pá? – perguntou Mike. E então um pânico
cresceu dentro de mim.
Ethan olhou para Lucas assustado, mas ainda não tirou a
mira da arma de mim. Lucas bateu na testa e resmungou “Burro!”. Lucas suspirou
e finalmente disse:
– Deixei no porta-malas.
Mike pensou em fazer algo, mas parou no último minuto e
começou a caminhar de um lado para o outro com passos fortes.
– Maravilha! – disse ele – Maravilha mesmo.
Lucas e Ethan ficaram parados encarando Mike (Ethan
continuava com a arma apontada para mim)
– O que é que vocês estão esperando? Vão buscar!
– Mas, Mike, e eles...
– Eu dou conta deles! Agora vão, quanto mais rápido
melhor.
Ethan e Lucas se entreolharam e seguiram em direção á
decida do morro (“Burro, burro, burro!” resmungava Lucas).
Os outros três minutos se passaram com Mike resmungando e
andando de um lado para o outro diante da fogueira.
Nem eu e nem Cameron ousamos falar, nem ousamos nos
olhar.
Demorou um pouco para perceber que um pouco mais para
frente da colina, tinha uma cabana abandonada de madeira e só percebi quando
Mike foi em direção dela.
– Então... – começou Cameron quando Mike entrou na
cabana.
Eu ainda estava com bastante raiva de Cameron e tudo que
eu fiz foi virar a cara.
– Anne, sério, você acha que sabe da história, mas você
não sabe absolutamente nada! – Falou Cameron com um pouco de raiva na voz.
– Ah, é? Então me diga – digo olhando para ele.
Ele suspira.
– Pra você entender, primeiro tenho que dizer algo antes
d’eu começar... – Cameron fez uma pausa dramática e quando viu que eu estava
demasiada impaciente, ele falou – Eu e o Mike somos primos.